yes! we créu!

| 6 de out. de 2009
na última sexta feira a cidade do rio de janeiro foi escolhida para ser sede das olimpíadas de 2016, e desde então vejo parte da população brasileira questionando a real importância do evento para o país. vejo muita gente dizendo que o nosso político é corrupto por natureza, e falando a respeito da quantidade de dinheiro que será desviado dos cofres públicos para a realização do sonho olímpico. existe uma postura clara daqueles que vão à praia de copacabana para comemorar a perspectiva de uma mudança, de uma nova chance para que o brasil se mostre um país civilizado e honesto; e das pessoas que simplesmente reclamam sem muita responsabilidade para tentar provocar a mudança que tanto sonham.
não sou a favor da maneira como a política é conduzida no brasil. muito pelo contrário. desde que a coroa portuguesa chegou ao nosso país que uma escola não é levantada sem que parte do dinheiro público não vá parar na conta bancária de um político qualquer. mas o que o povo brasileiro fez durante esses mais de quinhentos anos para tentar mudar alguma coisa? o político representa a imagem da população que o elege.
uma expressão que ouvi muito durante esses dias foi sobre a política do 'pão e circo', que se transformou num clichês esquerdista e burro - visto que a política circense da américa latina nunca tinha sequer sediado uma olimpíada. o esporte é um dos canais mais eficientes para fazer com que o mais pobre se aproxime do mais rico, e para aumentar a auto estima do seu povo (nelson rodrigues na década de cinquenta dizia que o brasileiro tinha 'complexo de vira-lata'). a final do superbowl é o evento anual mais assistido da televisão norte americana há décadas, apesar de estarem vivendo a maior crise econômica de sua história. a alemanha parou para receber e festejar a última copa do mundo de futebol, apesar da estagnação financeira e do desemprego dos últimos anos. e as olimpíadas, em especial, provou o quanto pode ser importante para uma mudança de postura social e de infraestrutura nas cidades que a sediam.
a espanha sempre foi tida como um dos países mais corruptos do velho continente, uma curiosa herança carregada entre os povos latinos, da velha roma que inventou esse chavão da política do 'pão e circo'. apesar disso barcelona se transformou numa das cidades mais modernas do mundo desde as olimpíadas de 92. a propaganda que o governo vende diz que a infraestrutura do rio de janeiro será melhorada consideravelmente, numa ação financeira que moverá mais de 25 bilhões de reais. e isso tudo será supervisionado pelo resto do mundo e pelos órgãos e comitês que controlam o esporte. essa aldeia global preparada para fiscalizar a realização do sonho olímpico, nunca havia ocorrido anteriormente para um projeto que alterasse a infraestrutura de uma grande cidade brasileira. o próprio panamericano teve uma verba irrisória comparada com o dinheiro que será investido em 2016. e dessa vez seremos supervisionados.
as olimpíadas de 2016 trarão uma revolução para o esporte nacional. antes de encerrar as transmissões num canal de televisão vi o tenista gustaven kuerten (aquele simpático manézinho da ilha que conquistou o mundo através do esporte e que hoje mantém uma instuição de apoio à crianças carentes) falar a respeito:
- fico imaginando a quantidade de crianças que essa hora estarão ingressando em clubes, sonhando em participar das olímpiadas no brasil. e na quantidade de empresas que irão investir na melhoria da nossa representação em cada modalidade. o esporte nacional ganhou uma nova chance.
é a hora da gente tentar mudar alguma coisa, ou continuar reclamando em frente aos nossos computadores deixando tudo como está. de qualquer forma - parabéns rio! yes! we créu!

*postado originalmente na minha coluna de domingo (04/10) no blog bixo de se7e cabeças.

2 comentários:

Mariana Zambon Braga disse...

Concordo que este pode ser um passo para que algo mude em nosso país, mas não acredito que isso vá se tornar realidade. Nós não temos uma política de incentivo ao esporte, nunca tivemos, e por mais que agora passe a existir uma política, esta certamente não será continuada após os jogos olímpicos. Você mencionou o Superbowl americano, que é super assistido. Ora, o Superbowl nada mais é do que o Campeonato Brasileiro ou o Campeonato Paulista. E isso, a meu ver, correndo o risco de soar esquerdista e burra, mas sem tal pretensão, nada mais é do que pão e circo. No caso do Brasil, mais circo do que pão. Garanto que essas mesmas crianças que ingressarão em clubes para começar a praticar algum esporte não terão apoio e incentivo como as crianças de outros países. Isso porque não acredito numa mudança radical de postura do nosso governo em relação à educação, que caminha de mãos dadas com o esporte. Acredito que até possa ocorrer um movimento de incentivo aos esportes olímpicos até 2016, mas este certamente morrerá assim que passarem as olimpíadas. É só tomar como exemplo os jogos Panamericanos. As obras que foram feitas não serviram para nada após os jogos, e o Brasil continuou não incentivando as modalidades esportivas que não sejam o futebol. A política do pão e circo não tem a ver somente com as olimpíadas, e sim com o fato de nós, brasileiros, em coletivo, não prestarmos atenção às questões realmente importantes, e sermos completamente manipulados pelas opiniões da mídia e do governo. A grande maioria não possui senso crítico para perceber que num país como o Brasil, marcado pela corrupção, dificilmente as coisas serão levadas a sério.


Tomara que eu esteja muito errada e que as coisas mudem...

Rodrigo da Silva disse...

tomara que você esteja muito errada e que as coisas mudem. :)

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