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cena de um filme que nada acontece

| 29 de ago. de 2009
são quatro horas da madrugada. em uma cidade da américa latina, numa travessa qualquer, um gato cinzento lambe um prato de comida abandonado na boca de um lixo. é uma dessas noites perfumadas de estrelas e um letreiro digital cercado por mosquitos acusa a temperatura de dezesseis graus. a umidade relativa do ar está em sessenta e três por cento. e enquanto um carro em alta velocidade atravessa o semáforo vermelho atropelando uma poça d'água, dois mendigos dividem o último gole de uma cachaça vagabunda, e dormem abraçados em frente a fachada de um banco. a poucos metros um cachorro vira lata atravessa a rua, e observa à distância quatro lâmpadas coloridas serem apagadas em um bordel, indicando que o último cliente já havia ido embora. um vigia noturno dorme abraçado sobre um balcão de informações, ao lado de um rádio relógio ligado num programa de notícias sem ninguém pra ouvir. são quatro horas da madrugada. é cedo demais pra quem está acordando. e tarde demais pra quem está indo dormir.
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o tempo não é apenas uma palavra na letra T do dicionário

| 27 de ago. de 2009

o texto abaixo foi escrito há exatos cinco anos. nessa foto eu ainda era um menino com um olhar perdido que sonhava com algumas coisas que, por alguma razão, ainda não encontrei. ela foi tirada em florianópolis. naquele tempo o meu irmão ainda morava por lá, numa kitnet e era o meu herói (ele nunca deixou de ser o meu herói). a gente passou essa tarde comendo pão de queijo no centro da cidade, falando sobre a vida. eu tinha dezessete anos e sonhava em ser como ele.


21/08/04

às vezes - quase sempre - eu fico pensando em como será o meu FUTURO. quando eu era um moleque magrelo, de pernas tortas, camiseta rasgada do fluminense, jogando futebol no campinho de barro (nunca de fato teve um `campinho de barro` mas, ah!, como é bom ser moleque...), eu brincava de imaginar nesse futuro, que o tempo acabou transformando em presente, e todas as minhas sensações se uniam a sentimentos irresponsáveis de amor e liberdade. hoje, no ápice da juventude, com os hormônios fervendo, os neurônios explodindo, os pêlos crescendo em meu corpo, a voz engrossando os tubos de minha garganta, e com a memória enrugando minha infância, descobri que o Tempo não é apenas uma palavra no capítulo "T" do dicionário, e continuo sonhando com o inabalável.
poder morar em floripa. estudar. trabalhar. me casar na igreja nossa senhora do desterro. carregar minha mulher no colo às pressas pro carro, dirigir não-sei-como pro hospital mais perto, e erguer o meu primeiro filho - já pensando no segundo. fazer cinema. teatro. televisão. escrever um livro. jogar voley no portão de casa. ter um cachorro chamado spike. ir pra praia. levar a família pro shopping sábado à tarde. pegar a fila do cinema. levar as crianças na vovó. sair com a mulher e os amigos sábado à noite pra comer pizza. fazer compras no supermercado domingo de manhã. churrasco no almoço. futebol de tarde. ir na igreja de noite. acordar. correr pra cozinha. apanhar um cacho de uva. nescau com chantilli. iogurte com geléia de morango. carregar o café da manhã pro quarto. abrir as janelas. sussurrar `bom dia` pra minha mulher. levar as crianças pra escola. trabalhar. passar na padaria com o som do carro ligado, minha mulher lendo uma revista e as crianças brincando no banco de trás (isso é lindo). viajar nas férias. conhecer nova york. dar um abraço no papa. tocar violão. fazer serenatas. natal. reunir a família. me vestir de papai noel. ho ho ho. comprar aquele carro novo que saiu no jornal. viajar mais um pouco. ver o brasil ser octa-campeão mundial. a chegada do homem em marte. mais umas duas estrelas cadentes. envelhecer. ver os filhos criados. beijar serenamente a mulher da minha vida. e morrer.
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palmeira, palmeira, palmeira

| 19 de ago. de 2009
Eu tinha vinte anos na época. Que diabo, eu dizia, não se apresse, Bandini. Você tem dez anos para escrever um livro, vá com calma, saia e aprenda sobre a vida, caminhe pelas ruas. Este é o seu problema: sua ignorância da vida. Ora, meu Deus, rapaz, você percebe que nunca teve uma experiência com uma mulher? Oh sim, eu tive, oh sim, tive bastante. Oh não, você não teve. Precisa de uma mulher, precisa de um banho, precisa de um bom empurrão, precisa de dinheiro. Dizem que é um dólar, dois dólares nos lugares chiques, mas na Plaza é um dólar; maravilha, mas você não tem um dólar e outra coisa, seu covarde, ainda que tivesse um dólar não iria, porque teve uma chance, certa vez em Denver, e não foi. Não, seu covarde, teve medo, e ainda tem medo, e está feliz por não ter um dólar.
Com medo de uma mulher! Ah, grande escritor este aqui! Como pode escrever sobre mulheres se nunca teve uma mulher? Ora, seu miserável farsante, seu mentiroso, não admira que não consiga escrever! Não admira que não houvesse uma mulher em O cachorrinho riu. Não admira que não fosse uma história de amor, seu tolo, seu escolar boboca.
Os dias magros de determinação. Aquela era a palavra certa: determinação: Arturo Bandini diante de sua máquina de escrever dois dias inteiros seguidos, determinado a vencer; mas não funcionou, o mais longo esforço de determinação inflexível em sua vida, e nem uma linha produzida, apenas uma palavra escrita repetidamente por toda a página, de alto a baixo, a mesma palavra: palmeira, palmeira, palmeira, uma batalha mortal entre mim e a palmeira, e a palmeira ganhou: eu a vi lá fora oscilando no ar azul, rangendo suavemente no ar azul. A palmeira ganhou depois de dois dias de luta e eu me arrastei janela afora e sentei-me ao pé da árvore. O tempo passou, um momento ou dois, e eu dormi, pequenas formigas marrons fazendo farra nos pêlos das minhas pernas.

- john fante, do livro 'pergunte ao pó'
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entre a cruz e a espada

| 17 de ago. de 2009
joão chega em casa cansado do trabalho. caminha na direção do sofá, enquanto escuta sua mulher gritar da cozinha reclamando da nota baixa do seu filho na escola, e aperta o controle remoto para dar início à transmissão do jornal nacional, naquela caixa preta de vinte e nove polegadas cravada na estante de sua sala, comprada em doze prestações em uma loja de eletrodomésticos do centro da cidade. o apresentador da quarta maior rede de televisão do mundo, assistido por quase sessenta por cento de todos os televisores ligados naquele horário no brasil, após sua saudação inicial, noticia os escândalos envolvendo o líder de uma das principais igrejas evangélicas do país. joão não acredita em deus desde que tinha dezessete anos, mas sua mulher frequenta o templo construído pelo bispo, acusado de lavagem de dinheiro, associação criminosa e utilização de dízimo na aplicação de empresas privadas. há algum tempo boa parte de seu salário é direcionado para os sacos de recolhimento dos cultos de domingo. joão lamenta profundamente aquelas horas de trabalho que não serviram para nada, e ao trocar de canal para uma das emissoras controladas pelo bispo, tem a triste sensação de que o dinheiro do seu suor foi parar no bolso daquele apresentador, que sorria lhe tentando vender uma pasta de dente vagabunda, usada por pessoas como ele que não tinham dinheiro para comprar pastas de dente indicadas pelos dentistas.
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como me tornei estúpido

| 15 de ago. de 2009
a construção era larga e alta, colorida, cartazes convidavam a levar a vida com leveza e por uma módica quantia. um grosso M amarelo coroava a fachada do fast-food. um simpático palhaço de plástico o recebeu diante da porta de entrada, a mão levantada, o sorriso espontâneo. antoine entrou e cumprimentou com a cabeça os dois vigilantes, sem dúvida presentes para proteger os clientes dos ataques de poderosas gangues de ladrões de batatas fritas. aproximou-se do balcão:
- bom dia! - disse à moça à sua frente.
- o senhor deseja o quê?
antoine ficou encantado com esta economia relacional: já não era necessário pronunciar uma fórmula de cortesia mecânica. ele, portanto, se absteria dela. era mais franco, era, afinal, mais honesto. ele olhou os cardápios.
- um best of mcdeluxe - decifrou ele no cartaz luminoso estimulado pela promessa de comer por trinta e dois francos um alimento que continha a palavra luxe na sua denominação.
- bebida?
- sim, certamente. perfeito.
- que bebida o senhor quer? - perguntou a moça, excedendo-se um pouco.
- coca-cola, sim, experimentemos coca-cola.
para obedecer aos usos e costumes desta nova realidade, ele teve o reflexo de se abster de todo e qualquer agradecimento. instalou-se a uma mesa bege e começou a comer as batatas fritas enquanto bebia o seu um terço de litro de líquido marrom e borbulhante. com olhar curioso, observou uma batata frita, mergulhou-a numa mistura de ketchup, mostarda e maionese, e mordeu-a. poucos dias antes, antoine não se teria podido impedir de pensar, ao simplesmente comer uma batata frita, na história sangrenta da batata, nos sacrifícios humanos que a civilização asteca fizera em seu nome. que esse simples tubérculo carregasse tantas mortes na sua consciência o teria sem dúvida impedido de apreciá-lo completamente. inábil, cravou os dentes no sanduíche; uma parte dos molhos viscosos caiu no prato. ele teve de reconhecer que gostava disso. não estava seguro de que era bom para a saúde, as embalagens não deviam ser biodegradáveis, mas era simples, pouco caro, muito calórico e de sabor tranquilizante. o gosto lhe dava a impressão de encontrar uma família sem fronteiras, de reunir-se aos milhões de pessoas mastigando no mesmo instante um sanduíche idêntico. como em uma coreografia internacional, ele executava os mesmos passos e gestos de pagar, de transportar o prato, de beber a coca e de ingerir as batatas fritas e o sanduíche que outros bailarinos-consumidores em templos exatamente semelhantes. ele sentiu certo prazer, uma confiança, uma força nova em ser como os outros, com os outros.

- martin page, do livro 'como me tornei estúpido'
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10 filmes para FUGIR antes de MORRER!

| 13 de ago. de 2009
não pretendo listar os dez piores filmes da história do cinema. se você realizar uma pesquisa simples no google irá ver nomes como A Reconquista, Alone in the Dark, Crossover, Dupla Explosiva e tantas outras bombas que nasceram com a inteção de serem bombas em várias listas feitas com esse propósito.
todos os filmes listados abaixo, por alguns motivos, me causaram efeitos colaterais. alguns não resisti (confesso) e, ou saí da sessão do cinema, ou tirei o DVD do aparelho respirando aliviado. muitos deles são de bons diretores, com bons atores e produções milionárias. alguns deles até renderam lucro pros estúdios. filmes que concorreram ao oscar. filmes que ganharam o oscar. filmes que não concorreram nem ganharam nada.
eu gostaria também de aproveitar esse espaço para registrar o meu repúdio a nicolas cage, meg ryan, peter jackson, elijah wood, bruce willis, george lucas, hilary swank e al pacino.

A Dama na Água (lady in the water, 2006. dirigido por m. night shyamalan. com paul giamatti, bryce dallas howard)

m night shyamalan fez uma trilogia especial com 'o sexto sentido', 'corpo fechado' e 'sinais', que demonstram o seu talento e a sua capacidade de contar boas histórias. mas depois disso só entrou em barcos furados como 'fim dos tempos', 'a vila', e esse horroroso 'a dama na água'. o filme, que conta a história de uma "narf" que sai da piscina de um prédio, é tendencioso e sem pé nem cabeça. em nenhum instante shyamalan nos faz acreditar que aquilo tudo possa ser verdade. e isso é a pior coisa que pode acontecer num filme. IMDB - 5.9 - trailler


Água Negra (dark water, 2005. dirigido por walter salles. com jennifer connelly, john c. reilly, tim roth)

walter salles é um dos melhores diretores da nova safra do cinema nacional. 'central do brasil' está presente na minha lista dos 10 filmes para ver antes de morrer. 'diários de motocicleta' é um filme muito bacana também. e ele, que começou garimpando no cinema nacional, conseguiu filmar em outros países na américa latina, só foi ter uma chance de entrar em hollywood pra sabotar a sua própria carreira, com um roteiro sem graça de um filme de terror aonde o principal inimigo é uma POÇA DE ÁGUA! lixo! IMDB - 5.6 - trailler


Matrix Revolutions (matrix revolutions, 2003. dirigido por wachowski brothers. com keanu reeves, laurence fishburne)

os irmãos wachowski realmente revolucionaram a história do cinema com a criação de matrix. neo é praticamente um personagem literário. a história e a concepção da idéia são brilhantes, os efeitos especiais são revolucionários, e o filme tem cenas antológicas. a continuação, matrix reloaded, segue a mesma linha. e então, matrix revolutions surge como que para destuir aquela que seria uma das trilogias mais interessantes do cinema desse século. sem acrescentar nada de novo, quase que querendo se livrar daquela história. IMDB - 6.5 - trailler


Dogville (dogville, 2003. dirigido por lars von trier. com nicole kidman, harriet andersson)

o dinamarquês lars von trier se julga o melhor diretor do mundo. filmes como "dançando no escuro" (presente na minha lista dos 10 filmes para ver antes de morrer) e "os idiotas" comprovam parte dessa idéia. lars é um diretor criativo e seus filmes transmitem um lirismo puro. e dogville, que está naquela sessão da locadora 'ame-o ou deixe-o', é terrivelmente chato, pretencioso e superestimado. não é de se espantar que a própria nicole kidman tenha saído no meio da sessão de sua estréia oficial por se sentir encomodada com o filme. IMDB - 7.9 - trailler


A Ilha do Dr Moreau (the island of dr. moreau, 1996. dirigido por john frankeinheimer. com marlon brando, val kilmer)

é uma pena que um dos maiores atores da história do cinema precisasse fazer algumas bombas no final de carreira pra poder pagar suas contas. marlon brando, que ganhou o framboesa de ouro (oscar dos piores filmes do ano, por esse filme), gravava suas cenas com um rádio do lado que dizia as suas falas. um dos atores do filme (david thewlis) fez uma promessa de que nunca assistiria à versão final do filme, já que as filmagens foram terríveis. quem sou eu pra contestar tanta publicidade? IMDB - 4.0 - trailler



AI Inteligência Artificial (artificial inteligence: a.i., 2001. dirigido por steven spielberg. com haley joel osment, jude law, hilliam hurt, ben kingsley, robin willians, chris rock e grande elenco)

steven spielberg é steven spielberg. seus filmes tem uma marca própria e lotam cinemas pelo mundo inteiro. mas nunca me conquistaram, e eu vejo o spielberg como um robert zemeckis melhorado. ainda acho 'et - o extraterrestre' o grande filme de sua vida. e acho que ele fez alguns filmes muito ruins em sua carreira, como 'minority report', 'terminal', e 'ai inteligencia artificial'. esse último um filme extremamente entediante, chato, com um final bobo e sem graça. IMDB - 6.9 - trailler



Sobre Meninos e Lobos (mystic river, 2003. dirigido por clint eastwood. com sean penn, tim robbins, kevin bacon, laurence fishburne, marcia hay darden e grande elenco)

às vezes eu penso que o clint eastwood não faz mais nada da vida a não ser um filme atrás do outro. e acho que nem ele sabe quantos filmes já fez na carreira. mais que o zé do caixão, aposto. 'sobre meninos e lobos' é um desses pseudo clássicos (adaptados de um livro famoso) que você entra na sessão de cinema e sai da sessão de cinema e não acontecesse absolutamente NADA. e então o filme é indicado a um monte de oscars, e gente como a marcia gay harden, que fica alguns minutos em cena consegue uma indicação como melhor atriz coadjuvante. pacabá! IMDB - 8.0 - trailler

Chicago (chicago, 2002. dirigido por rob marshall. com renée zellweger, catherine zeta-jones, richard gere, queen latifah, lucy liu e grande elenco)

pense num musical com renée zellweger, catherine zeta-jones, richard gere, queen latifah, lucy liu, e mais um monte de gente mala, e ainda dirigido por rob marshall. pense bem. e agora imagine que esse filme tenha ganho o oscar de melhor filme (além de outras cinco categorias). é! realmente o nível daquela cerimônia do oscar não estava das melhores! quase todos os filmes da minha lista de ontem não ganharam o oscar de melhor filme. chicago ganhou. e quem realmente se importa com isso? IMDB - 7.3 - trailler


Platoon (platoon, 1986. dirigido por oliver stone. com tom berenger, willem dafoe, charlie sheen, forest whitaker, johnny depp, e grande elenco)

eu nunca consegui entender por que platoon se tornou num clássico. na verdade, eu nunca me interessei muito por filmes de guerra. sempre achei as histórias previsíveis e confusas ao mesmo tempo. com aqueles jargões todos de táticas de guerra, usados pelos coronéis, e bala pra tudo o quanto é canto,e gente morrendo a torto e a direito. enfim. mas esse filme do oliver stone consegue superar todos da categoria. ele é simplesmente entediante. e eu ficava o tempo todo com aquela sensação de que, não importasse quem se desse bem no final - o vilão ou o mocinho - o importante era chegar ao final! IMDB - 8.2 - trailler

Plan 9 From Outer Space (plan 9 from outer space, 1958. dirigido por ed wood. com gregory walcott, mona mcKinnon)

e por fim, gostaria de fazer uma homenagem aquele que é tido como o pior filme de todos os tempos. o oconcour da categoria. plan 9 from outer space, o pior filme do pior diretor da história de hollywood é um trash macabro que, curiosamente, atinge o seu objetivo de entretenimento. apesar dos erros de roteiro, de continuação, de gravação, de atuação, e todos os outros possíveis, vi ao longo da minha vida filmes muito mais pretenciosos e superestimados que essa pequena obra prima de ed wood, que se tornaram fracassos ainda maiores (ao meu ponto de vista, pelo menos). IMDB - 3.6 - trailler
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10 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER

| 11 de ago. de 2009















não vou cometer a heresia de dizer que são os dez melhores filmes de todos os tempos. muito provavelmente assim que terminar de publicar esse post, outros dez filmes irão surgir na minha memória. essa é uma lista pessoal. de filmes especiais que tiveram importância em determinados momentos da minha vida. os filmes estão em ordem alfabética. a maioria deles vi mais de uma vez. muitos eu assistiria novamente. outros não. de qualquer maneira, se você ainda não viu algum deles, procure na locadora mais próxima de sua casa ou faça o download através dos milhões de sites disponíveis na grande rede. prepare a pipoca, tire o guaraná do congelador, e boa diversão!

A Felicidade Não Se Compra (it's a wonderful life, 1946. dirigido por frank capra. com james stewart, donna reed, lionel barrymore)

de todos os filmes que tive a oportunidade de assistir na minha vida é o que mais me emocionou. a história é simples - um chefe de família tenta se suicidar na noite de natal e recebe a visita de seu anjo da guarda para tentar lhe convencer do contrário. apesar de reunir todos os ingredientes possíveis para que frank capra conseguisse transformar seu filme numa reunião de clichês, a felicidade não se compra é comovente e se transformou no maior clássico de natal da história do cinema. eu revi esse filme um milhão de vezes, e poderia dizer que, de alguma maneira, ele já faz parte de mim. IMDB - 8.7 - trailler

Apocalypto (apocalypto, 2006. dirigo por mel gibson. com rudy youngblood, dalia hernandez, jonathan brewer)

confesso que senti medo quando fui assistir apocalypto no cinema. e não estou falando daquele medo causado por filmes de terror, cheios de maquiagens de catchup e histórias sem pé nem cabeça. o filme de mel gibson é uma experiência.
jaguar paw é um cidadão que leva uma vida tranquila, durante o império maia, até ser capturado pelo exército para sacrificar sua vida em oferenda à prosperidade de seu povo. o personagem se transformou em um dos meus "heróis" favoritos, e passa o filme inteiro lutando por sobrevivência. IMDB - 7.9 - trailler

Central do Brasil (central do brasil, 1998. dirigido por walter salles. com fernanda montenegro, vinícius de oliveira, marília pêra)

central do brasil ainda é o meu filme favorito do cinema nacional. e a atuação de fernanda montenegro, a melhor que vi em um filme brasileiro. apesar da derrota no oscar para o película de roberto benigni e a atuação de gwyneth paltrow, o filme de walter salles é um acontecimento da cultura nacional.
uma mulher que escreve cartas para analfabetos ajuda um menino a encontrar seu pai, e junto com a emoção daqueles dois a gente é levado pra dentro do coração do brasil. a cena final é uma das mais lindas que pude assistir, e sua trilha sonora é inesquecível. IMDB - 8.0 - trailler

Dançando no Escuro (dancer in the dark, 2000. dirigido por lars von trier. com bjork, catherine deneuve, david morse)

a islandesa bjork é uma das maiores cantoras do mundo, e o dinamarquês lars von trier um dos melhores diretores. apesar das crises entre os dois durante as gravações do filme, dançando no escuro é o meu musical favorito do cinema moderno.
selma está ficando cega graças a um problema hereditário, e após guardar dinheiro para realizar a cirurgia de seu filho, tem sua economia roubada pelo melhor amigo. a história é triste e crua. mas a trilha sonora é linda, e a atuação de bjork impressionante. IMDB - 7.8 - trailler

Donnie Darko (donnie darko, 2001. dirigido por richard kelly. com jake gyllenhaal, maggie gyllenhaal, holmes osbornen, drew barrymore)

o menino que tem nome de super herói cursa o colegial e despreza a maioria das outras pessoas. donnie darko tem visões com um coelho gigante que só ele consegue ver, que o obriga a fazer brincadeiras destrutivas com quem está ao seu redor. e então, num belo dia, ele descobre que o mundo irá acabar em um mês, e precisa fazer alguma coisa pra evitar isso.
o filme de estréia de richard kelly conseguiu propaganda boca a boca, apesar de seu orçamento irrisório, e se tornou num cult do cinema moderno. o final é surpreendente. IMDB - 8.3 - trailler

Ed Wood (ed wood, 1994. dirigido por tim burton. com johnny depp, martin landau, sarah jessica parker, patricia arquette)

ed wood foi o pior diretor da história de hollywood. e apesar dos seus filmes serem de péssima qualidade, essa pequena obra prima feita por tim burton, que retrata a sua vida e suas tentativas frustradas de ser um grande diretor de cinema, é uma declaração de amor à sétima arte.
convivendo com atores de quinta categoria e alguns pedaços de gravações de um bela lugosi já em fim de carreira (interpretado brilhantemente por martin landau), ed wood realiza feitos incríveis como plan 9 from outer space (eleito o pior filme da história do cinema) e glen or glenda? (autobiográfico sobre seus desejos de se vestir de mulher). IMDB - 8.1 - trailler

Magnólia (magnolia, 1999. dirigido por paul thomas anderson. com tom cruise, julianne moore, william h. macy, philip seymour hoffman)

paul thomas anderson é um dos melhores diretores/roteiristas do mundo. não apenas porque ele cria histórias surpreendentes com diálogos maravilhosos, mas porque consegue tirar o melhor de cada ator que participa de seus filmes, e suas longas tomadas de câmera revelam o seu perfeccionismo.
a princípio seria muito chato assistir a esse dramalhão com quase três horas de duração e um final aparentemente tão absurdo. mas a julgar como o melhor filme de um dos melhores diretores de hollywood... magnólia não pode passar em branco. coisas acontecerão.
ah! esse é um filme extremamente pessoal e um dos meus favoritos da lista. IMDB - 8.0 - trailler

O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (le fabuleux destin d'amélie poulain, 2001. dirigido por jean-pierre jeunet. com audrey tautou, mathieu kassovitz)

durante muito tempo eu quis casar com amelie poulain. e às vezes ainda divido desse sonho. eu poderia dizer que amelie poulain é o meu amor platônico. não apenas porque ela é linda e encantadora, e poderia ter saído de um livro da clarice lispector. mas porque o filme sobre sua vida é lindo e encantador. se o fabuloso destino de amelie poulain fosse uma escola de samba e eu fosse um jurado de carnaval, seria muito difícil não dar nota dez para roteiro, fotografia, atuação, trilha sonora, direção, e tudo aquilo que cerca esse filme. o cinema francês conseguiu realizar um dos pequenos achados da cultura moderna. IMDB - 8.6 - trailler

Um Sonho de Liberdade (the shawshank redemption, 1994. dirigo por frank darabont. com tim robbins, morgan freeman)

o internet movie database (IMDB) é o maior site de cinema do mundo. todos os dias milhões de pessoas no mundo todo comentam, analisam e dão notas para os 57 milhões de filmes disponíveis na base do site. uma sessão muito especial diz respeito aos 250 mais bem votados filmes de todos os tempos. um sonho de liberdade, adaptado do conto de stephen king que narra a história de um banqueiro condenado à prisão perpétua pelo assassinato de sua esposa, é o filme mais bem votado da lista. preciso dizer alguma coisa? IMDB - 9.2 - trailler

12 Homens e Uma Sentença (12 angry men, 1957. dirigido por sidney lumet. com henry fonda, martin balsam)

doze jurados devem decidir se um homem é acusado ou não de um assassinato, que poderá leva-lo à pena de morte. a história é simples e se passa quase que por inteiro dentro de uma única sala, com os mesmos atores, como uma peça de teatro filmada. no entanto, 12 homens e uma sentença, além de ter um dos melhores roteiros da história do cinema, com atuações brilhantes e um final surpreendente, domina a arte de conquistar a atenção de seu telespectador, e é uma aula sobre retórica. IMDB - 8.9 - trailler

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estranho mundo - parte dois

| 9 de ago. de 2009
perdeu alguma coisa? parte um
no exato instante em que o barulho do despertador acordava patrick para aquele que seria o dia mais importante de sua vida, há algumas quadras daquele lugar uma garota chamada eleanor, que dormia sobre uma escrivaninha amparada sobre as páginas de 'admirável mundo novo', recebia as lambidas de ringo, um gato da raça chartreux, anunciando que um novo dia estava a caminho. eleanor era uma menina franzina, com o cabelo na altura dos ombros e um olhar perdido e solitário. ao acordar com aquela sensação gelada lambendo o seu queixo, pode ainda contar alguns segundos antes que seu rádio relógio explodisse ecoando 'good morning, good morning', dos beatles, pelo quarto inteiro.
eleanor é uma menina solitária. dessas que andam sozinhas pelas ruas abraçadas a livros escritos por gente que já morreu há muito tempo. seus pais são separados e ela é criada pela avó. não tem amigos. conversa pouco. às vezes passa dias inteiros sem trocar uma palavra com ninguém. ringo é seu único companheiro, um gato discreto com um sorriso encantador. eleanor o havia encontrado tempos atrás em frente a uma loja de discos no centro da cidade. ringo parecia esperar por ela. a menina saiu da loja agarrada a 'yellow submarine' em uma das mãos e o gato a seguiu até o caminho de casa.
a noite anterior havia sido preenchida pela leitura daquele livro que falava de um mundo novo, que já não era tão novo assim. aldous huxley era uma das figuras que estampavam a capa de 'sgt. pepper's lonely hearts club band', e só esse feito já seria necessário para que eleanor se interessasse por toda sua obra. ao acordar naquela manhã, ainda contando os segundos para mais uma explosão de seu despertador, eleanor pode perceber que o gato lhe chamava a atenção para um calendário a poucos centímetros do seu nariz. aquele era dia dez de abril. fatídico dia que os quatro rapazes de liverpool decidiram ir cada um pro seu canto, há alguns anos atrás. e dia do seu aniversário.
eleanor fechou os olhos por alguns instantes tentando absorver aquela informação. estava completando dezessete anos de idade. nos últimos anos, para comemorar sua avó fazia um bolo de cenoura e comprava uma coca cola dois litros. naquele dia, ninguém lhe telefonava. não havia 'parabéns pra você'. não havia presentes. sua avó sentava num canto da mesa, e enquanto mordia aquele bolo sem gosto de nada com sua dentadura, assistia a um desses programas do mundo das celebridades que passam na televisão. o aniversário acabava e a coca cola ainda estava pela metade.
o despertador tocou e eleanor saltou da cadeira com uma estranha sensação de que aquele dia seria diferente dos demais. se abraçou a ringo agradecendo a lembrança do aniversário, que tratou de ronronar fechando os olhos, e arrumou sua mochila a tempo de ir à escola. eleanor estava feliz. pedalava a todo vapor pelas ruas da cidade cantando 'here comes the sun', com aquele pressentimento confuso de alegria. era uma menina de dezessete anos. quase uma mulher. ainda tinha dentro de si uma vontade absurda de fazer um monte de coisa. e aquele seria o primeiro dia do resto da sua vida. enfim, o sol viria.
de repente, já no portão da escola, pedalando e cantando completamente desligada do mundo ao seu redor, eleanor não pode perceber a presença daquele menino estranho que caminhava em passos largos bem à frente de sua bicicleta. numa fração de segundos, num daqueles momentos mágicos que ficam guardados na memória da gente até o dia da nossa morte, eleanor havia atropelado patrick e aqueles dois sujeitos desconhecidos estavam jogados no chão um sobre o outro. a menina, ao sentir a presença de patrick grudado ao seu corpo, ainda teve forças pra cantar bem baixinho no seu ouvido:
- here comes the sun, and i say it's all right!
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insônia

| 6 de ago. de 2009
eu nasci de madrugada e convivo com a insônia desde muito pequeno. ainda bebê, demorei três anos pra ter uma noite completa de sono. meu pai disse que de tanto chorar, uma vez quase me jogou na parede do quarto. eu tenho certeza de que ele jamais faria isso. em todo caso, em certa ocasião foi pego dormindo durante o trabalho em uma salinha de dispensa. e até hoje me conta que teve a noite de sono mais profunda de sua vida quando consegui finalmente dormir por algumas horas.
ainda adolescente ia dormir as cinco, seis horas da manhã, lendo e escrevendo adoidado como se o mundo fosse acabar. quando via um pingo de sol borrar o vidro da janela do meu quarto, eu me jogava pra debaixo das cobertas. tinha medo do sol. não gostava de imaginar que iria dormir sem a benção da madrugada. eu permanecia acordado com os olhinhos esbugalhados debaixo do cobertor, vendo que o sol nascia como um monstro gigante lá fora, e invadia o meu espaço com a sua luminosidade, colorindo de laranja o meu universo. eu praguejava contra aquilo. às vezes criava coragem e me levantava na direção da janela, ajustando a cortina contra o domínio daquela invasão inimiga. como um soldado medroso tornava a espiar o nascimento daquele fenômeno da natureza. eu era um voyer num front de guerra. e permanecia assim até que o sono batesse, quando finalmente voltaria para cama abraçado pelo calor do meu inimigo íntimo.
hoje eu não tenho mais medo do sol. e continuo dormindo tarde. trato a insônia com o mesmo carinho que trato a solidão.
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estranho mundo - parte um

| 4 de ago. de 2009
acordou com aquela cara amassada de sono. o lençol agarrado a uma das pernas. o despertador gritando ao lado do ouvido. todo dia era a mesma coisa. patrick derrubava aquele relógio estúpido no chão e, ainda resmungando, aproveitava cada segundo de sono que lhe restasse até que sua mãe, uma luterana gorda de um metro e noventa, invadisse o seu quarto berrando para que ele se arrumasse a tempo de ir à escola. patrick estava cansado daquilo.
ainda assustado com a força daquela voz taquara rachada, que ecoaria pelo seu tímpano até o caminho do colégio, patrick se levanta esticando o braço na direção de um óculos fundo de garrafa que adormecia sobre a cômoda, e caminha em passos lentos rumo ao banheiro xingando mentalmente aquela velha parada em frente a porta de seu quarto, com todos os palavrões que conhecia e que eram proibidos de serem ditos dentro daquela casa.
patrick era um menino de dezesseis anos. magrelo. com algumas espinhas pela cara. as canelas finas. aparelho nos dentes. o cabelo ruivo despenteado. um óculos que lhe tomava metade do rosto. e um ar de fragilidade e insegurança. ainda não havia sequer beijado nenhuma garota, embora fosse secretamente apaixonado por umas três ou quatro - dentre essas uma vizinha loira, que patrick espiava trocar de roupa da janela de seu quarto, enquanto se masturbava cheirando uma de suas calcinhas, roubada de seu varal numa tarde de domingo. embora atraísse gente esquisita pro seu lado, patrick não tinha muitos amigos. passava a maior parte do tempo lendo história em quadrinhos e sonhando acordado.
dentro do ônibus ficava admirando as construções dos prédios, enquanto era levado à escola, onde poderia estudar matemática e um dia, quem sabe, construir prédios tão grandes e luxuosos quanto aqueles do centro da cidade. patrick não gostava muito de cálculos e passava boa parte daquela aula admirando as curvas assimétricas de sua professora. na verdade, ele não se interessava por quase nenhuma daquelas matérias. eram todas tão chatas e pareciam ter tão pouca utilidade em sua vida, que patrick comumente confundia os catetos com os quadrados de qualquer hipotenusa que lhe surgisse pela frente, não sabendo se isso lhe dizia respeito a matemática ou qualquer outra matéria.
senão bastasse aqueles hormônios todos circulando em rota de colisão pelo seu corpo. e as meninas que faziam de conta que ele nunca existiu, embora andassem rebolando a meio metro de seus olhos. senão bastasse sua mãe lhe encomodando desde logo cedo. e todas aquelas matérias insuportáveis ao qual era obrigado a ouvir na escola. patrick agora estava naquela época de decisão. o tempo corria e ele deveria optar pelo quê fazer com sua vida. ainda criança sonhava em ser um monte de coisa - bombeiro, cientista, piloto de avião, médico, inventor, apresentador de tv. e agora, com quase dezessete anos e um mundo inteiro pela frente, patrick estava sem grandes opções e enquanto pensava a respeito, tratava de descer no ponto de ônibus em frente a escola, ainda com aquela voz taquara rachada martelando bem baixinho o seu ouvido. caminhando com a mochila nas costas, cercado por pontos de interrogação por todos os lados, patrick mal poderia imaginar que aquele seria o dia mais importante de sua vida.
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história do mundo para sobreviventes

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desde que aprendi a ler e comecei a escrever histórias o fiz por vaidade - é nisso que o homem se resume, em vaidade e autopiedade -, mas inconscientemente pretendia também dizer aos outros: olhem, eu observei, comparei e cheguei a uma conclusão. escrevendo, enriqueço meu espírito, aprendo sobre mim mesmo e, aprendendo sobre mim mesmo, apreendo vocês e o mundo. claro que eu não pensava nisso desse jeito. tudo estava - como está até hoje - muito confuso.
mais tarde, li os clássicos e os reli muitas vezes, pois queria descobrir o que era o homem e para o que servia. li homero, virgílio, as mil e uma noites, shakespeare, molière, gibbon, que falavam de deuses, heróis, reis e dos homens comuns. li toda a filosifa oriental e ocidental, e, quanto mais lia e escrevia, mais pesava a ignorância sobre os meus ombros. para minha tristeza, descobri que não poderia contar a história do mundo de uma só vez, talvez nem a história de um país, de uma cidade, de uma rua. teria de me contentar escrevendo romances, contos, crônicas, ensaios, teatro, poesia, reportagens, histórias para adultos que continuam crianças porque, quando crianças, se esforçaram demais para atingir a idade adulta. a empresa da história do mundo e do homem estava acima das minhas forças. continuei exercendo meu ofício sem, porém, jamais perder de vista o fato de que escrever bem pode ser importante, mas não é essencial. essencial é a sinceridade. pelo menos tentar ser sincero de todo coração. isso, por si só, já é um estilo.

- fausto wolff
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Como ser um grande escritor

| 2 de ago. de 2009
você tem mais é que comer muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever uns poemas de amor decentes.

não se preocupe com a idade
e/ou novos talentos.

apenas beba mais cerveja
mais e mais cerveja

e vá às corridas ao menos uma vez por
semana

e ganhe
se possível.

aprender a ganhar é difícil -
qualquer porcão pode ser um bom perdedor.

e não se esqueça de Brahms
e de Bach e de sua
birita.

não faça muito exercício.

durma até o meio dia.

evite cartões de crédito
ou pagar qualquer coisa no
dia.

lembre-se que não existe um cu
nesse mundo que vale mais de $50.

e se você tiver a capacidade de amar
primeiro ame a si mesmo
mas sempre tenha em mente a possibilidade de
derrota total
ainda que a razão dessa derrota
pareça certa ou errada -

um gostinho de morte cedo não é necessariamente
uma coisa ruim.

fique longe de igrejas e bares e museus,
como a aranha seja
paciente -
o tempo é a cruz de todo mundo,
mais
solidão
derrota
traição

toda essa sujeira.

fique com a cerveja.

cerveja é sangue contínuo.

um amor contínuo.

pegue uma boa máquina de escrever
e enquanto os passos vêm e vão além de sua janela
bata nela
bata nela com força

como se fosse uma luta de pesos pesados

faça como o touro em sua primeira investida

e lembre-se dos velhões
que lutaram tão bem:
Hemingway, Céline, Dostoiévski, Hamsun.
se você acha que eles não enlouqueceram
em quartos minúsculos
assim como você faz agora

sem mulheres
sem comida
sem esperança

você então não está pronto.

beba mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
também.

- buk