tempestade

| 8 de set. de 2009
ontem pela madrugada um milhão de raios desabaram sobre o estado de santa catarina. um deles, uma ingrata força da natureza formada por essas moléculas que a gente tanto escuta falar nas aulas de química, atingiu em cheio um poste bem em frente ao prédio aonde moro, cortando a distribuição de energia no bairro inteiro. e assim, como se estivessemos novamente em séculos passados, vivendo longe das tecnologias e das luminárias incandescentes, eu peguei no sono. dez horas depois, ao acordar, apertei a tomada do meu quarto e, ao ouvir o clap daquele botão amarelo, vi que a lâmpada insistia em não respeitar o meu sinal. me senti impotente. sem luz. sem telefone. sem internet. sem fogão. sem chuveiro. sem eira nem beira. e assim permaneceu por mais um longo tempo, até que duas almas caridosas, dessas vestidas de macacão azul, crachá pendendo do lado esquerdo do peito, capacete amarelo pesando sobre a cabeça, pudessem encostar o caminhão da companhia de eletricidade ao lado do pobre poste machucado. como dois cirurgiões eles devolveram a normalidade às nossas vidas, iluminando as nossas casas com o frescor da modernidade.
o primeiro barulho que ouvi foi do microondas. como num estalo o meu cérebro associou que aquele barulhinho indicava que pedacinhos de eletricidade corriam pelos fios do apartamento até atingirem lentamente aquela máquina de aquecer comida. e através do som daquele pi, que soava como uma tecla de um piano de beethoven, ou como se estivesse saindo de uma flauta de bach, sussurrando aos nossos ouvidos indicando que a energia havia voltado, pude finalmente sair daquela apreensão toda, aprisionada dentro de horas entediantes que não passavam. foram segundos de extrema felicidade aqueles em que a velocidade da luz parecia acender o microondas em câmera lenta.
eu liguei o meu computador e os portais de notícia falavam a respeito de uma noite desagradável no estado de santa catarina. cidades decretando situação de emergência. mortes. ventos com mais de cento e vinte quilômetros por hora. casas destelhadas. árvores derrubadas. pessoas sendo levadas pelo vento. pessoas feridas. tornados. caos. eu era só mais um dentro de um estado prestes a explodir a qualquer instante. e apesar de tudo, aquilo que eu havia perdido, já havia ganho de volta. energia.

2 comentários:

Camiy disse...

Entrei no seu perfil do orkut depois que vc postou um vídeo no fórum Vídeos Amelísticos e o link do seu blog ficou chamando a atenção da minha curiosidade, só dela. rs
Gostei do post e espero ler os outros, beijos!

Anônimo disse...

ótimo post!

Postar um comentário