acordou com aquela cara amassada de sono. o lençol agarrado a uma das pernas. o despertador gritando ao lado do ouvido. todo dia era a mesma coisa. patrick derrubava aquele relógio estúpido no chão e, ainda resmungando, aproveitava cada segundo de sono que lhe restasse até que sua mãe, uma luterana gorda de um metro e noventa, invadisse o seu quarto berrando para que ele se arrumasse a tempo de ir à escola. patrick estava cansado daquilo.
ainda assustado com a força daquela voz taquara rachada, que ecoaria pelo seu tímpano até o caminho do colégio, patrick se levanta esticando o braço na direção de um óculos fundo de garrafa que adormecia sobre a cômoda, e caminha em passos lentos rumo ao banheiro xingando mentalmente aquela velha parada em frente a porta de seu quarto, com todos os palavrões que conhecia e que eram proibidos de serem ditos dentro daquela casa.
patrick era um menino de dezesseis anos. magrelo. com algumas espinhas pela cara. as canelas finas. aparelho nos dentes. o cabelo ruivo despenteado. um óculos que lhe tomava metade do rosto. e um ar de fragilidade e insegurança. ainda não havia sequer beijado nenhuma garota, embora fosse secretamente apaixonado por umas três ou quatro - dentre essas uma vizinha loira, que patrick espiava trocar de roupa da janela de seu quarto, enquanto se masturbava cheirando uma de suas calcinhas, roubada de seu varal numa tarde de domingo. embora atraísse gente esquisita pro seu lado, patrick não tinha muitos amigos. passava a maior parte do tempo lendo história em quadrinhos e sonhando acordado.
dentro do ônibus ficava admirando as construções dos prédios, enquanto era levado à escola, onde poderia estudar matemática e um dia, quem sabe, construir prédios tão grandes e luxuosos quanto aqueles do centro da cidade. patrick não gostava muito de cálculos e passava boa parte daquela aula admirando as curvas assimétricas de sua professora. na verdade, ele não se interessava por quase nenhuma daquelas matérias. eram todas tão chatas e pareciam ter tão pouca utilidade em sua vida, que patrick comumente confundia os catetos com os quadrados de qualquer hipotenusa que lhe surgisse pela frente, não sabendo se isso lhe dizia respeito a matemática ou qualquer outra matéria.
senão bastasse aqueles hormônios todos circulando em rota de colisão pelo seu corpo. e as meninas que faziam de conta que ele nunca existiu, embora andassem rebolando a meio metro de seus olhos. senão bastasse sua mãe lhe encomodando desde logo cedo. e todas aquelas matérias insuportáveis ao qual era obrigado a ouvir na escola. patrick agora estava naquela época de decisão. o tempo corria e ele deveria optar pelo quê fazer com sua vida. ainda criança sonhava em ser um monte de coisa - bombeiro, cientista, piloto de avião, médico, inventor, apresentador de tv. e agora, com quase dezessete anos e um mundo inteiro pela frente, patrick estava sem grandes opções e enquanto pensava a respeito, tratava de descer no ponto de ônibus em frente a escola, ainda com aquela voz taquara rachada martelando bem baixinho o seu ouvido. caminhando com a mochila nas costas, cercado por pontos de interrogação por todos os lados, patrick mal poderia imaginar que aquele seria o dia mais importante de sua vida.
18 comentários:
Adorei o desenho e o texto. Mas o que acontecerá com Patrick? Hmm. Curiosa pela parte 2. Abraço, Rooodrigo!
É... dá um gostinho de 'quero mais' :]
Ah se curiosidade matasse :D
ha, fiquei super curiosa também. gostei do inicio da história de patrick, agora vou aguardar o final.
Ahhhhh, eu adorei o texto. Gostei e olha que é meio raro e eu gostar de algum texto na blogsfera. Patrick me parece aquele garoto que ninguém não dá nada, mas que acaba surpreendendo a todos. Parece-me que Patrick tem uma carta na manga. Vajamos qual será...
Saudade dos tempos em que ainda dava pra ser Patrick. =)
É uma fase complicada mesmo. Tanta imaturidade e tantas decisões tão importantes a serem tomadas... Bom, a história está boa. Aguardo os próximos capítulos, rs.
Se quiser me visitar, meu endereço:
http://letraetela.blogspot.com/
Se ele fosse loiro, poderia dizer que é meu irmão...
Eu gostei desse texto em, embora pareça que esse mlk ae seja um Nerd Tarado o que eu nunca vi kkk, cheira calcinha enquanto se masturba lol? isso é mto tosco, mas eu vou ler o próximo capítulo me avisa quando postar.
www.allersonblogger.blogspot.com
vim aqui deixar meu comentário de peso!
hahaha :P
Me atrevo a dizer que se Patrik não fose Patrik ele seria Rodrigo, ou vice versa.
Será?
Começo a crer seriamene que isto é bem provavel..
Legal o texto. Ironiza bem a vida de alguns adolescentes, e a mentalidade deles (antes de desistirem de estudar e decidirem trabalhar no caixa do supermercado). Interessante ^^. Caracterização muito bem feita, tanto no físico quanto no psicológico. Eu mesmo sou incapaz de fazer uma boa descrição física de alguém :~
Avisa nóis quando sair a continuação que eu quero ver aonde isso vai dar :P
www.descargapublica.blogspot.com
curiosaaaa
Show de bola :D
Retratou bem essa fase pela qual todos geralmente passam. Pode até não ser igual a de Patrick, mas segue um certo "padrão". Cheia de indecisões, frustrações e hormônios. Eu mesma posso dizer que estou nessa fase da juventude.
Agora, o que vai acontecer no dia mais importante de Patrick? (curious)
putz, adorei seu blog! só está faltando um botãozinho pra eu poder clicar e virar seguidora "de verdade"!
Parabéns! vc escreve mto bem!
CAROL PERIOTTO
muito obrigado pela dica. e se era o que estava faltando, está adicionado! :)
aeee! agora ficou 10!!!
Muito bom, cara ! Curti muito, só quero ver a continuação ! Engraçado que a gente comentou sobre essa coisa de decisão pelo msn, esses dias... AHUuhahuauhahuauhA Muito show, tô aguardando a continuação
CÁRA. 'caminhando com a mochila nas costas, cercado por pontos de interrogação por todos os lados'
tá escrito de um jeitinho... tão... tão... especial, que parece que criei um DESENHO na minha imaginação pra frase acima.
sensacional! ;**
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