desde que aprendi a ler e comecei a escrever histórias o fiz por vaidade - é nisso que o homem se resume, em vaidade e autopiedade -, mas inconscientemente pretendia também dizer aos outros: olhem, eu observei, comparei e cheguei a uma conclusão. escrevendo, enriqueço meu espírito, aprendo sobre mim mesmo e, aprendendo sobre mim mesmo, apreendo vocês e o mundo. claro que eu não pensava nisso desse jeito. tudo estava - como está até hoje - muito confuso.
mais tarde, li os clássicos e os reli muitas vezes, pois queria descobrir o que era o homem e para o que servia. li homero, virgílio, as mil e uma noites, shakespeare, molière, gibbon, que falavam de deuses, heróis, reis e dos homens comuns. li toda a filosifa oriental e ocidental, e, quanto mais lia e escrevia, mais pesava a ignorância sobre os meus ombros. para minha tristeza, descobri que não poderia contar a história do mundo de uma só vez, talvez nem a história de um país, de uma cidade, de uma rua. teria de me contentar escrevendo romances, contos, crônicas, ensaios, teatro, poesia, reportagens, histórias para adultos que continuam crianças porque, quando crianças, se esforçaram demais para atingir a idade adulta. a empresa da história do mundo e do homem estava acima das minhas forças. continuei exercendo meu ofício sem, porém, jamais perder de vista o fato de que escrever bem pode ser importante, mas não é essencial. essencial é a sinceridade. pelo menos tentar ser sincero de todo coração. isso, por si só, já é um estilo.
- fausto wolff
- fausto wolff
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