entre a cruz e a espada

| 17 de ago. de 2009
joão chega em casa cansado do trabalho. caminha na direção do sofá, enquanto escuta sua mulher gritar da cozinha reclamando da nota baixa do seu filho na escola, e aperta o controle remoto para dar início à transmissão do jornal nacional, naquela caixa preta de vinte e nove polegadas cravada na estante de sua sala, comprada em doze prestações em uma loja de eletrodomésticos do centro da cidade. o apresentador da quarta maior rede de televisão do mundo, assistido por quase sessenta por cento de todos os televisores ligados naquele horário no brasil, após sua saudação inicial, noticia os escândalos envolvendo o líder de uma das principais igrejas evangélicas do país. joão não acredita em deus desde que tinha dezessete anos, mas sua mulher frequenta o templo construído pelo bispo, acusado de lavagem de dinheiro, associação criminosa e utilização de dízimo na aplicação de empresas privadas. há algum tempo boa parte de seu salário é direcionado para os sacos de recolhimento dos cultos de domingo. joão lamenta profundamente aquelas horas de trabalho que não serviram para nada, e ao trocar de canal para uma das emissoras controladas pelo bispo, tem a triste sensação de que o dinheiro do seu suor foi parar no bolso daquele apresentador, que sorria lhe tentando vender uma pasta de dente vagabunda, usada por pessoas como ele que não tinham dinheiro para comprar pastas de dente indicadas pelos dentistas.

3 comentários:

Thiago e Nayra, Nayra e Thiago disse...

Quero fazer um blog sobre cultura em geral, e te quero pra escrever comigo, topas?

TO muito afim de fazer um blog que distribua um pouco de cultura pra esse povo que acha que internet é só pra sexo on line! HAHAHA

Jaime Guimarães disse...

Olá!

Excelente seu texto, sua alegoria. Sabe, o João ao menos não caiu, pelo menos por enquanto, na armadilha da "teologia da prosperidade", utilizada pela cúpula da IURD e Renascer, duas das mais famosas (e notórias pelas posses materiais de seus líderes).

Claro que ninguém aponta uma arma para a cabeça do fiel e obriga-o a dar o dinheiro do dízimo, mas há outros "gatilhos" para convencê-lo a tal. E isso não é exclusividade da IURD ou Renascer...

O que Cristo tentou ensinar era algo totalmente diferente!

abs! Parabéns, mais uma vez!

Anônimo disse...

OS FIEIS PAGA O DIZIMO PARA DEUS;O QUE OS PASTORES FAZEM COM O DINHEIRO NAO É MAIS PROBLEMA NOSSO;É OS PASTORES QUE VAO PRESTRAR CONTAS COM DEUS; DO QUE LHES FOI DADO

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