MEMÓRIAS DE INFÂNCIA

| 7 de mai. de 2009
o meu irmão alexandre sempre foi o meu ponto de referência. quando eu era criança e ele vinha de florianópolis pra passar o final de semana em casa, eu virava a noite contando as horas e passava a manhã seguinte grudado no portão, olhando de um lado pro outro. quando ele chegava, com uma mochila nas costas cheia de novidades, eu sentia um efeito ácido que borbulhava na altura do pâncreas e podia provar, pelo menos naquele instante, que o amor era uma reação química. o alexandre era o meu herói e o tempo perto dele passava mais rápido.
eu achava que a maioria das pessoas não diziam muita coisa e estavam ocupadas demais vivendo suas vidinhas, praticando suas rotinas. através do que o meu irmão tinha pra me dizer eu aprendia e conhecia e vibrava com um monte de coisas interessantes. eu era um menino diante de um velho contador de histórias. e o meu irmão parecia um mago com suas músicas e seus filmes e seus livros e todas as coisas que só ele sabia e que só ele podia me ensinar.
minha família sempre teve orgulho dele por ter largado tudo pra estudar em outra cidade. por ter enfrentado os monstros que enfrentou - em batalhas que venceu, em sua maioria, sozinho dentro de um quartinho rabiscado. porque ele nunca deixou de ser o neto do vô cebola e nem tinha medo em ser quem era, com quem quer que fosse.
o meu irmão vinha e a família se reunia e parecia que, pelo menos por aqueles instantes, tudo era mais fácil. a gente ria. brigava e fazia as pazes. comia cachorro quente. tomava cerveja. coca cola. falava sobre futebol. falava sobre mulheres. jogava dominó e viajava pra praia. cada um compartilhava com o outro um pedacinho de si mesmo. a gente podia dizer que era feliz quando tava perto dele.

1 comentários:

Ana Estella disse...

Amor incondicional exposto de maneira tão linda... ^ ^

Postar um comentário