o fabuloso destino de amélie poulain (le fabuleux destin d'amélie poulain, 2001. dirigido por jean-pierre jeunet. com audrey tautou, mathieu kassovitz). IMDB 8.6/10. trailler.
durante muito tempo eu quis casar com a amélie poulain. às vezes ainda divido desse sonho. e até cometeria a loucura de dizer que a amélie poulain é um dos meus amores platônicos. não apenas porque ela é linda, encantadora, de fácil convivência, e poderia muito bem ter saído de um livro qualquer da clarice lispector. mas também porque o filme a respeito da vida dela se transformou em uma das grandes realizações do cinema mundial. se o fabuloso destino de amélie poulain fosse uma escola de samba e eu fosse um jurado de carnaval, seria muito difícil não dar nota dez para quesitos como roteiro, direção, fotografia, trilha sonora, e quase tudo aquilo que cerca esse que se tornou um dos grandes achados da cultura moderna.
o cinema francês sempre teve a fama de ser entediante, cansativo e chato demais pra quem pouco arriscou conhecer da sétima arte fora daquilo que é produzido em hollywood. mas quando jean-pierre jeunet, que já havia namorado com os blockbusters na filmagem de alien: a ressurreição, resolve nos contar a história de uma heroína defensora da sensibilidade, e que sente prazer com as coisas mais simples da vida, nós somos convidados a participar de uma viagem de total encantamento, através de um filme extremamente otimista e solidário.
tudo começa quando amélie poulain, uma jovem solitária interpretada por audrey tautou (um misto de bonequinha de luxo com traços de macabéa), encontra em seu apartamento um pequeno tesouro deixado há décadas por um antigo morador, que iria mudar pra sempre o rumo de sua vida - uma caixinha repleta de brinquedos. amélie se sente predestinada a encontrar o dono e devolver parte de sua infância, e aproveitaria a ocasião para abraçar a nobre missão de poder ajudar todas as pessoas que estivessem perto dela.
amélie é uma sonhadora. e sente prazer nas simples coisas da vida, como quando enfia a mão num saco de grãos, ou quebra a casquinha de açúcar de crème brûlée. amélie gosta de observar a expressão das outras pessoas numa sessão de cinema (mal poderia ela imaginar o quanto seu próprio filme seria um prato cheio para esse voyerismo puritano), e de jogar pedrinhas no lago de sua cidade natal só pra observar a trajetória que elas fazem na água. amélie gosta de imaginar a quantidade de pessoas que poderiam ter um orgasmo no exato momento em que estaria pensando a respeito disso. e de ajudar velhinhos a atravessar a rua enquanto narra com lirismo e delicadeza as coisas que estão acontecendo ao seu redor.
o fabuloso destino de amélie poulain nos remete a vários momentos ao qual mário quintana classificaria como aqueles que a gente 'pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia'. é um filme que deve ser assistido com os cincos sentidos à flor da pele. como se fosse um manual de auto ajuda, sem os clichês, preparado pra fazer com que a gente se sinta melhor.
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