quando eu era pequeno sonhava em poder mudar o mundo. e embora ainda hoje mal consiga controlar o rumo da minha vida e das outras pessoas que estão ao meu redor, o sonho de poder encontrar um lugar mais justo, com homens e mulheres cuspindo felicidade ao abrir a boca, ainda permanece trancafiado dentro de mim.
apesar desse papinho utópico, parte daquele que deveria ser o meu lado ético e politicamente correto, acredita que o mundo seria um saco se não houvesse um pingo de tristeza nas pessoas. o amor, aclamado como o mais nobre dos sentimentos, sem essa felicidade triste ao qual se referia paulo de tarso há tanto tempo atrás, seria vago e sem graça. e por mais estranho que possa parecer, ainda consigo encontrar um sentido caso alguma guerrinha exploda bem longe do meu rabo, se isso for necessário para o desenvolvimento científico, tecnológico, politico e cultural de uma nação.
por essas e outras que nunca fui comunista. acho que ainda estaríamos por aí, desenhando e resmungando dentro de cavernas, se não fosse a velha luta de classes. não estou pintando um quadro com corpos mutilados num front de batalha, mas a competição é um processo natural para ocorrer a evolução humana. enquanto os macacos estavam comendo bananas pelas selvas paleolíticas, os homens estavam fechando o pau atrás de fogo. e foi preciso que esse quebra-quebra atravessasse os séculos para que os nossos ancestrais peludões conseguissem fazer a barba. e muitas cabeças rolaram para que o homem moderno conseguisse fazer coisas simples como andar de avião, acessar um email ou trepar de camisinha. livros. músicas. quadros. filmes. a opressão sempre foi um combustível para a cultura.
ao mesmo tempo, não acredito que os estados unidos da américa tenha se tornado a maior potência mundial simplesmente por seu poder de fogo. o domínio do império americano conquistou o mundo sem invasões bárbaras. ele está presente a cada vez que pingamos um açúcar dietético no nosso cafézinho, e quando escovamos os dentes com colgate. os americanos colorem os tubos de nossos televisores com seus filmes, e seus videoclipes, e suas séries de ficção científica, e nos telejornais em que vimos a presença de um presidente negro conquistar o sorriso de uma criança pobre. a cada vez que nos vestimos com sua moda, e compramos seus best sellers. a cada vez que acessarmos o google ou olharmos para a lua - lá estará fincado, tremulando, uma bandeira dos estados unidos da américa.
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